domingo, 30 de setembro de 2007

Myanmar




Para quem tiver paciência, um tema interessante a conhecer. Não temos os Trovante a cantar músicas de paz, mas podemos reflectir sobre o assunto.




Aung San Suu Kyi vai continuar presa
A junta militar que governa Myanmar prorrogou, hoje, a detenção da líder do movimento pró-democracia Aung San Suu Kyi, por mais um ano, anunciou fonte birmanesa que pediu o anonimato. Cerca de 200 apoiantes de Aung San Suu Kyi tinham-se concentrada junto da residência da líder da oposição na esperança de que hoje fosse libertada.
Desde que começou a luta pela democracia em 1988, Suu Kyi foi detida três vezes. Nos últimos 17 anos, cumpriu mais de 10 anos de prisão domiciliária. Em 1991 Aung San Suu Kyi venceu o Prémio Nobel da Paz.Apesar de não haver declarações oficiais sobre a prorrogação, a junta militar no poder tem alegado que a libertação da líder da oposição constitui uma ameaça à ordem pública.Os cerca de 200 apoiantes que esperavam junto à casa de Suu Kyi deixaram o local calmamente depois da polícia ter comunicado que não haveria libertação.Contudo, as expectativas eram muito grandes, depois de a Nobel da Paz ter recebido recentemente a visita de um diplomata estrangeiro, funcionáro das Nações Unidas, o que não acontecia há mais de dois anos.


Luta pela democracia
República independente desde 1948, Myanmar é governada com pulso de ferro por uma Junta Militar, há 45 anos. No poder em 1962, com um golpe militar, os generais assumem os destinos do país (ainda com a designação Birmânia). Ne Win inaugura o que classifica como “a via birmanesa para o socialismo” – nacionaliza a economia, cria um Estado unipartidário e extingue a imprensa independente. Está instalada a ditadura. Aung San Suu Kyi é a face visível da oposição ao regime, desde o final dos anos 80, quando a população acorda de um estado letárgico de 26 anos, desde o início da ditadura de Ne Win. Quase 30 anos depois do golpe militar de 62, o general convertera um dos países mais prósperos da Ásia num dos mais pobres do Mundo. Nas universidades, começam os primeiros protestos pró-democracia, detonados pela degradação da economia. Agosto de 1988 fica registado na História, com centenas de estudantes a morrer às mãos da repressão militar contra as manifestações, em Rangun. Conscientes da febre revolucionária que se vive no país, os generais convocam eleições livres, mas sem imaginar a dramática derrota que esperava o regime: A Liga Nacional pela Democracia (LND) conquista 396 dos 485 assentos parlamentares. Ainda assim, os militares negam-se a transferir o Governo. A Junta Militar permanece, ilegalmente, no poder. É redigida uma nova Constituição e os deputados eleitos da LND constituem um Governo no exílio. Em 1989, a Junta adopta a designação de Myanmar, em vez de Birmânia.Em 1991, Aung San Suu Kyi, líder da LND, símbolo internacional da resistência pacífica e filha do general Aung San – herói da independência - recebe o Nobel da Paz, sob prisão domiciliária que se prolonga até à actualidade. Em 2006, é pela primeira vez permitido o contacto internacional de Suu Kyi, numa entrevista com o enviado especial das Nações Unidas. “A revolução de açafrão” Os protestos começaram em Agosto deste ano, num movimento contras as duras medidas económicas impostas pelo regime – que eleva em 500 por cento o preço dos combustíveis (petróleo e gás). Centenas de activistas são presos. Em Pakokku, um grupo de monges sai às ruas reclamando democracia, recebendo como resposta a agressão do Exército (em Myanmar, os monges - cerca de 400 mil - são tradicionalmente venerados, pelo que a sua participação nos protestos tem um peso significativo).O gesto do regime indigna religiosos e população civil. É exigido ao Governo um pedido de desculpas mas, findo o prazo dado para o efeito, os monges saem às ruas, apoiados por milhares de civis. A cor das suas túnicas apelida a revolução que encabeçam de “revolução de açafrão”. Com o passar dos dias, as marchas de protesto budistas ganham politização, com elementos da Liga Nacional pela Democracia entre os manifestantes. Entre 50 a cem mil pessoas saem às ruas de Rangun. O Exército ameaça recorrer à força. Monges e população resistem, desafiando o regime repressivo de mais de quatro décadas.


ONU reage a crise em Myanmar
Reunião do Conselho de Segurança e envio de emissário especial
Face ao ataque das forças de segurança aos monges e civis que se manifestam em Myanmar, o Conselho de Segurança das Nações Unidas deciciu reunir de emergência. Nessa reunião estará o emissário especial do secretário-geral, que fará um resumo dos dados que tem sobre a situação, antes de partir para aquele país asiático.O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, decidiu, hoje, enviar com carácter de urgência um emissário especial para Myanmar. Ibrahim Gambari vai partir para a região e entrará em Myanmar logo que seja despachado favoravelmente o pedido de visto entretanto emitido. "Ele vai apelar às autoridades do país para que cooperem em pleno com esta missão a fim de concretizar a vontade da ONU em ajudar no processo de reconciliação nacional através do diálogo", disse Marie Okabe, porta-voz do secretário-geral.Além do envio de Gambari, Ban Ki-moon reiterou o apelo à Junta Militar para que a crise seja resolvida de forma pacífica. "Tendo em conta as informações de que foi utilizada força, e que houve detenções e violência, o secretário-geral apela novamente às autoridades para que se contenham ao máximo na reacção às manifestações pacíficas, já que esses actos podem comprometer as perspectivas de paz, de prosperidade e estabilidade em Myanmar", disse em comunicado.Reunião emergência Conselho de SegurançaO enviado especial Ibrahim Gambari foi também chamado a estar presente na reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, convocada para esta tarde. O diplomata deverá relatar todos os dados que já obteve sobre a crise naquele país asiático. O Conselho de Segurança deverá também analisar o pedido dos EUA e dos 27 países membros da União Europeia para que sejam votadas sanções e a condenação da violência contra os civis e os monges por parte da Junta Militar que governa o país. Contudo, o Conselho tem estado dividido sobre o a actuação relativa a Myanmarjá que a China e a Rússia vetaram, em Janeiro passado, uma resolução que ordenava ao Governo que parasse a perseguição a grupos de oposição e que tomasse passos concretos no sentido de um verdadeiro regime democrático.Represão dos manifestantesA Junta Militar disse, hoje, num comunicado via televisão e rádio, que uma pessoa morreu e três ficaram feridas durante a acção policial para travar as manifestações em Rangun. A Junta acrescentou que tinha sido usada "força mínima" e que a decisão só foi tomada porque alguns manifestantes tinham tentado tirar as armas aos polícias. Mas grupos dissidentes, incluindo jornalistas que se exilaram na Tailândia, disseram que tinham informações sobre a morte de pelo menos cinco pessoas, entre as quais alguns monges. As mesmas fontes dizem que um grupo de 300 pessoas, entre civis e religiosos, foram detidos por não acatar a ordem para ficarem em casa. Os presos foram obrigados a entrar em carrinhas militares, segundo as testemunhas ouvidas pela agência notíciosa Associated Press.


Ruas desertas em Myanmar
Enviado especial das Nações Unidas chegou hoje ao país
Em Myanmar, após doze dias de protestos pró-democracia, as ruas estão desertas. A junta militar que governa a antiga Birmânia isolou a principal cidade do país. O enviado especial das Nações Unidas chegou hoje ao país.Após três dias de violenta repressão dos protestos pró-democracia, as ruas de Yagun ficaram desertas. A junta militar que governa Myanmar cortou as ligações de Internet. Mais uma manobra para impedir que os protestos ganhem visibilidade. Lojas e centros comerciais receberam ordem para fechar portas e os principais mosteiros budistas estão cercados por veículos blindados. A maior cidade do país transformou-se numa zona de combate dominada pelo recolher obrigatório. Numa altura em que a comunidade internacional receia a repetição do massacre de 1988 que provocou mais de três mil mortos, o único sinal positivo é a chegada ao país do enviado especial das Nações Unidas, o diplomata nigeriano, Ibrahim Gambari. Mais de 10 dias de protestos provocaram pelo menos nove mortos. Um número divulgado pela junta militar que não convence a comunidade internacional.

In Sic

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