quarta-feira, 4 de julho de 2007

Hobbes e o Aborto


Ontem, enquanto estudava para a minha cadeira de História das Ideias Sócio-Políticas (que me tem dado um trabalho dos diabos), deparei-me com pensamentos sobre um assunto semi-actual que me intrigou profundamente, o caso do Aborto.

Segundo Hobbes "os seres humanos, por natureza, são iguais". Este afirma ainda que "Somos iguais no sentido em que todos os seres humanos possuem aproximadamente o mesmo nível de força e capacidade e, portanto, qualquer ser humano tem a capacidade de matar outro". Atenção, temos a capacidade, é verdade... Mas teremos o direito?

O poder comanda o mundo actual e, foi isso certamente (a vontade megalómana do governo se afirmar e responder a pedidos inconscientes mantendo e conquistando votos esquerdistas) que tornou possível a realização do referendo e posteriormente a aceitação de uma nova lei. "Como a reputação de possuir poder é poder, algumas pessoas atacarão outras, mesmo que não representem qualquer ameaça, meramente com o intuito de granjear uma reputação de força como meio de protecção futura".

"A grande maioria dos seres humanos aceita que não se deve atacar as outras pessoas nem privá-las dos seus bens. Claro que, num estado de natureza, uma minoria roubaria e mataria mas haveria suficientes pessoas com sentido moral para impedir que a podridão alastrasse". É extremamente triste apercebermo-nos de que no caso a tratar, não é a minoria que rouba e mata, mas sim que tenta, em vão, impedir que a podridão se alastre.

"À liberdade de agir consoante se julgue adequado à preservação de si próprio chama Hobbes o Direito Natural". "As Leis da Natureza podem ser abreviadas numa súmula fácil: Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti.", Sendo assim, como pode alguém apoiar um crime como o aborto, a sua legalização e liberalização???

Hobbes não descreve as leis da Natureza como leis morais, mas sim como teoremas ou conclusões da razão. Tendo isto em conta, só deve ser credível que todos os indivíduos que votaram Sim, não podem ser considerados como racionais.

Todos os seres humanos têm um incentivo para desertar para o campo do comportamento individualmente racional, ao invés de adoptar um raciocínio comportamental colectivo, o que reivindica totalmente a ignorância do ser, e a falta de credibilidade e confiança no próximo. Aqui está também plenamente apresentado o egoísmo e egocentrismo característico de cada um de nós.

Cada vez mais me apercebo como evoluímos tão pouco... E como as ideias de Hobbes estáo tão actuais...

Como prolongamento do estudo, mais comparações se adivinham...



"A grande vantagem do estado é criar as condições nas quais as pessoas podem obedecer em segurança às Leis da Natureza"... Já agora... Podemos obedecê-las? Não me parece... Para quê um Estado que não se sabe impor? Fica um apelo: Precisamos de um Estado Autoritário, não um deixa-andar...

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