quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A Escolha

Passados 2 meses escrevo...

Dizem-me que tenho que escolher... O meu pai diria que DEVO escolher. O dever é mais que uma obrigação. Exige demais de mim...
É a isso que fujo.
Tiago Bettencourt diz: "Tudo o que é meu é tudo o que eu não sei largar, Queres levar tudo o que é meu e tudo o que eu não sei largar...".
Não quero... Já nem penso em medo, pois não é definitivamente o que sinto. Só já não quero, não estou para isso... Já passou a minha vez! Passou. E eu vi-a passar.
Para quê escolher? Para quê a decisão, se o contrário me convém mais?
Tenho dúvidas ainda, mas vontade... Nenhuma.
Encaro uma atitude que a sociedade critica. Mas porque não? A crítica é construtiva... Neste caso talvez mesmo para a própria sociedade. Exige reflexão. Talvez a minha atitude deixe de ser criticada. É assim que me sinto bem. É desta forma que me entendo. É tal e qual como sou, como me apresento, que me dou a conhecer. Quero algo diferente para mim. Não me revejo. Preciso de reinventar. Não gosto de seguir regras. Gosto de regras, no entanto. Das minhas. Das dos outros. Não em comum. Não me adapto. Não me vejo com alguém. Nasci e cresci com a vontade de ser, de continuar independente. Tentei, mas não consigo fugir a isso. Entendo-me com o que me rodeia, o suficiente. Não em excesso. Não em minoria. O bastante. Mas não o que baste para satisfazer o que exigem de mim: A escolha!
Não vou escolher. Devo? Não. O meu pai diria... Mas não disse! E eu confio nele.

Beijinhos. Tinha saudades e vontade de escrever.

2 comentários:

Filipe Feio disse...

"Vamos, escreve ó mascarado! Escreve uma crónica sobre esta cadeira que está aí em tua frente. E que ela seja bem-feita e divirta os leitores".

(Vinicius de Moraes)

Ou, por outro lado... ;)

«Pasmo sempre quando acabo qualquer coisa. Pasmo e desolo-me. O meu instinto de perfeição deveria inibir-me de acabar; deveria inibir-me até de dar começo. Mas distraio-me e faço. O que consigo é um produto, em mim, não de uma aplicação da vontade, mas de uma cedência dela. Começo porque não tenho força para pensar; acabo porque não tenho alma para suspender.»

«Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida.»

(Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego")

Sofia Leite disse...

Gostei muito. Obrigada. Sempre me identifiquei um bocadinho com o pensamento de FP, embora não consiga ceder das minhas vontades. Pelo contrário, encontro-me mais com as vontades de Saramago, ou a colectânea das mesmas. Colecciono vontades, minhas e dos outros. realizo-as, sem pensar nas consequências. Se não me sentir satisfeita por acabar algo, não acabo.
Gostei especialmente do "Escrever é esquecer...". Aí encaixam as minhas saudades. É difícil para mim guardar pensamentos, sentimentos. Às vezes ainda mais difícil exprimi-los a alguém em concreto. Sem o fazer não consigo seguir em frente. Se não o fizer, mantenho esse pensamento eternamente. O que eu mais gosto é de mudar de pensamento, do dia para a noite. A melhor maneira é realmente através da literatura. Ajuda-me a ignorar a vida.

Beijinhos.